CPMI Avança em Investigação sobre Fraudes em Aposentadorias


Por Redação

19/09/2025  às  08:40:03 | | views 2735


@Saulo Cruz/Agência Senado

Senador Carlos Viana anuncia novas medidas para intensificar apuração e convoca mais testemunhas


A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, responsável por investigar fraudes relacionadas a descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões, anunciou nesta quinta-feira (18) novas medidas para intensificar as apurações e ampliar a coleta de depoimentos. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que a CPMI agora dará prioridade a depoimentos e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) para fortalecer a investigação.

 

Viana comemorou a mudança de postura de alguns ministros do STF, que agora exigem o comparecimento de convocados à comissão. “Hoje, iniciamos uma nova fase da CPMI, mais firme e direcionada. A decisão do ministro André Mendonça de obrigar as testemunhas a comparecer foi uma vitória importante para nós”, disse Viana.

 

Entre os investigados já detidos, como o empresário Maurício Camisotti e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", as restrições de comparecimento continuam válidas. A CPMI busca ouvi-los, seja na comissão, seja nas dependências da Polícia Federal, gerando críticas ao habeas corpus concedido ao ministro Flávio Dino, que ainda favorece Cecília Simões, esposa de Camisotti.

 

Advogado Nega Envolvimento nas Fraudes

Durante a sessão desta quinta-feira, a CPMI ouviu o advogado Nelson Willians Rodrigues, alvo de uma operação de busca e apreensão e de pedido de prisão cautelar por suspeitas de transações fraudulentas com Camisotti. Amparado por um habeas corpus, Rodrigues se limitou a um breve pronunciamento inicial e seguiu negando qualquer envolvimento nas fraudes.

 

"Eu fui pego de surpresa pelos fatos, porque para mim isso é um crime hediondo. Eu não conheço o 'Careca do INSS'. Minha relação com Maurício Camisotti começou como profissional e virou amizade. Não tenho ligação com os fatos investigados", afirmou o advogado, que se disse surpreendido pela acusação.

 

No entanto, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), destacou a ostentação de Rodrigues nas redes sociais e sua movimentação financeira superior a R$ 4 bilhões, chamando a atenção para o fato de ele ocupar uma posição central nas investigações. Gaspar afirmou que, embora o advogado tenha mantido o silêncio durante o depoimento, sua postura "falou alto". “Ele chegou como testemunha e saiu como provável investigado pela comissão”, avaliou o relator.

 

Investigações Não Serão Prejudicadas pelo Silêncio

O presidente da CPMI, senador Viana, afirmou que a postura dos depoentes não atrapalhará os trabalhos da comissão. "Não vamos deixar de trazer ninguém. Mesmo que permaneçam em silêncio, o relatório será elaborado com base nas investigações, quebras de sigilo e informações obtidas. Estamos montando um quebra-cabeça, peça por peça", afirmou Viana.

 

Novas Convocações e Ampliação das Investigações

A comissão aprovou, também nesta quinta-feira, 179 requerimentos de convocação e informação, incluindo pedidos para que autoridades como os ministros Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, sejam ouvidos pela CPMI. Esses pedidos foram transformados em convites.

 

A comissão também solicitou ao STF informações sobre eventuais políticos mencionados na investigação da Polícia Federal. "Se houve algum político que tenha favorecido o roubo da Previdência, a população tem o direito de saber. Mas não podemos fazer pré-julgamentos", afirmou Viana.

 

Fraudes Estimadas em R$ 6 Bilhões

A CPMI investiga fraudes que podem ter causado um prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024. O foco das investigações é entender como as fraudes ocorreram e identificar todos os envolvidos, incluindo possíveis conexões com políticos e outras figuras influentes.

 

Com novos depoimentos e o apoio da Polícia Federal, a comissão pretende avançar na apuração e garantir que os responsáveis pelas fraudes sejam responsabilizados. A CPMI segue com sua agenda de trabalho, buscando esclarecer as circunstâncias dos desvios na Previdência Social e a extensão das ilegalidades.



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