Estudo da USP liga consumo de adoçantes a declínio cognitivo


Por Redação

04/09/2025  às  08:34:07 | | views 2734


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Pesquisa aponta envelhecimento cerebral acelerado em quem consome maiores quantidades desses produtos


Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) publicado nesta quarta-feira (3) na revista Neurology®, da American Academy of Neurology, associou o consumo elevado de adoçantes artificiais a um declínio mais rápido das funções cognitivas em adultos.

 

A pesquisa acompanhou 12.772 pessoas com idade média de 52 anos, ao longo de oito anos, como parte do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que analisa a saúde de servidores públicos em seis capitais brasileiras.

 

Segundo os autores, os participantes que consumiam maiores quantidades de adoçantes — cerca de 191 mg por dia — apresentaram um declínio cognitivo 62% mais rápido do que os que consumiam menos (média de 20 mg/dia). Esse impacto equivale a um envelhecimento cerebral antecipado de aproximadamente 1,6 ano.

 

“Adoçantes de baixa ou nenhuma caloria são frequentemente considerados alternativas saudáveis ao açúcar. No entanto, nossos achados sugerem que certos adoçantes podem ter efeitos negativos sobre a saúde cerebral, principalmente entre pessoas com diabetes”, afirmou a professora Claudia Kimie Suemoto, geriatra da FMUSP e principal autora do estudo.

 

Testes de memória e linguagem

Os participantes foram divididos em três grupos com base na quantidade total de adoçantes consumida. Além do grupo de maior consumo, um grupo intermediário (média de 64 mg/dia) apresentou um declínio cognitivo 35% mais rápido — equivalente a 1,3 ano de envelhecimento cerebral.

 

Foram realizados testes cognitivos no início, meio e fim do período estudado, incluindo avaliações de memória de trabalho, fluência verbal, recordação de palavras e velocidade de processamento.

 

Entre os adoçantes analisados estavam aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, xilitol, sorbitol e tagatose — todos amplamente utilizados em produtos ultraprocessados como refrigerantes, bebidas energéticas, iogurtes e sobremesas dietéticas, além de adoçantes de mesa.

 

O estudo identificou associação entre o consumo da maioria desses adoçantes e declínio cognitivo, com exceção da tagatose.

 

Riscos maiores para pessoas com diabetes

Os pesquisadores também observaram que o efeito do consumo elevado de adoçantes foi mais acentuado entre pessoas com menos de 60 anos e entre aquelas com diabetes — público que, segundo os autores, costuma utilizar adoçantes com maior frequência.

 

“São necessárias mais pesquisas para confirmar esses resultados e avaliar se alternativas naturais ao açúcar, como mel, purê de maçã ou açúcar de coco, oferecem menor risco”, disse Suemoto.

 

Importância e limitações

Embora o estudo identifique associações entre o consumo de adoçantes e o declínio cognitivo, os pesquisadores ressaltam que os dados não comprovam uma relação de causa e efeito. Ainda assim, os resultados levantam alertas importantes para profissionais de saúde e consumidores.

 

O sorbitol foi o adoçante mais consumido entre os participantes, com média de 64 mg/dia. Para o aspartame, uma das substâncias avaliadas, a dose observada corresponde ao equivalente a uma lata de refrigerante dietético.

 

O artigo completo está disponível na revista Neurology®, no link: doi:10.1212/WNL.0000000000214023



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