Medida prevê 3,4 mil novas casas na área de E1 e amplia tensões sobre criação de Estado palestino
O governo de Israel aprovou, nesta quarta-feira (20), a construção de 3.410 unidades habitacionais em assentamentos localizados na área conhecida como E1, entre Jerusalém Oriental e o colonato de Ma’ale Adummim, na Cisjordânia ocupada. A decisão, aguardada há décadas, é considerada um dos principais entraves para a formação de um Estado palestino contínuo.
O projeto também inclui a construção de uma estrada que separará o tráfego palestino e israelense e transferirá o controle militar da entrada em Jerusalém Oriental para cerca de 14 quilômetros a leste. A região abriga comunidades beduínas palestinas e, segundo organizações internacionais, sua expansão pode levar ao deslocamento forçado dessas populações.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um dos principais defensores da colonização, comemorou a medida. “Cada assentamento, cada bairro, cada casa é um novo passo para consolidar o controle do povo judeu sobre o coração da Terra de Israel”, afirmou em comunicado.
Organizações de direitos humanos criticaram a aprovação. A ONG israelense Ir Amim classificou a decisão como “a implementação consciente de um regime de apartheid”. Para a entidade, a comunidade internacional precisa adotar medidas efetivas para impedir deslocamentos forçados de palestinos na área.
Os assentamentos em territórios ocupados são considerados ilegais pelo direito internacional. Durante anos, a pressão de governos estrangeiros levou Israel a adiar o projeto, mas a atual coalizão liderada por Benjamin Netanyahu – que inclui partidos de extrema-direita favoráveis à expansão – tem autorizado um número recorde de novos colonatos desde 2022.
A decisão ocorre às vésperas da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, quando países como França, Reino Unido, Portugal, Canadá e Austrália devem formalizar o reconhecimento do Estado da Palestina, medida que enfrenta forte oposição de Tel Aviv.